sexta-feira, 20 de setembro de 2013

... uma estrelinha


Um céu colorido à espera. Uma estrelinha nasceu. Ela andou  pelos vales, trouxe paz, fez pessoas grandes. Ela era grande. Tão grande que um dia Deus olhou bem no fundo dos seus olhos e disse:

- Vai. Tu tens que descer rapidinho e voltar rapidinho.

E no meio do arvoredo, ele surgiu. Uma Maria surgiu logo após. “Ele chegou!”, falou baixinho. Uma trilha é posta no caminho, e o caminho se fez. Percorreu longos cenários, conduziu flores. Atravessou rios. Cuidou das estrelas, regou amor.

Menino travesso aproveitou o momento para dar um belo sorriso. Em seguida, correu como nunca havia corrido. O mar ele encontrou. Encantado olhava para o infinito. Olhou pra Maria. “Devo?” [exclamou]. Com um olhar singelo, ela respondeu para si:

- Te derrama, pois ele é todo seu.

Rapidamente sorriu. Em ritmo de ciranda, uma luz surgiu para clarear ainda mais a paisagem. Sons. Sorrisos. Amor. Imensidão... Alegremente tocou seus pequenos pés em um mar. Tirou os pés. Olhou pra trás. Uma multidão aplaudia o espetáculo que acabara de iniciar.

O rapidinho poderia ser cumprido. Colocou o corpo ao mar. Entregou-se ao amor infinito. Disse sim a sua missão. Duas lágrimas. Uma satisfação. “Ei, cumpri meu papel”, declarou.

Estrelas a flutuar. Maria carrega seu amor mais sincero e joga no infinito. O mar já não sabia o que fazer com tamanha alegria. “Você cumpriu bem seu papel. Agora trate de me ajudar a cuidar dos demais. Combinado”? [sussurrou Deus]



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Óculos




Óculos. Oclinhos. Dois olhinhos. Grandes. Imensos. Coloridos. Futa cor... Tá! Ela usa um, ele outro, o fulano outro do outro. E assim segue a árvore genealógica. Quanto maior melhor a visão. Será?!

"Um dia, aos seis anos declarei não ter condições de ler uma letra no quadro negro" - confessou usuária de óculos. Mãe baixinha acha que é conversa. "Que nada!" 


Pés no chão porque o grau é grande. Escola lotada e uns fulanos gritando: Olha a quatro olho! Os apelidos chegam de surpresa. Mas logo uma vitrine denuncia a ânsia de se ter todos os modelos. "Moço, aquele. Aquele outro. Não, o outro. Sim! Esse mesmo" - prosseguimos.


Um dia de mar. Outra denúncia realizada: NÃO SE PODE ENTRAR NO MAR COM ÓCULOS! Mas, uma livraria já vem ao seu alcance. Livros, mesas, sofás. Algumas letras e já basta o óculos se animar. Noite em claro. Óculos esbugalhados. Uma noite para acalentar a euforia do senhor Óculos. Relógio começa a falhar. Olhos voltam a trabalhar intensamente, ou melhor, a mente. 


Sonos entram em ação.



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Calmaria


Entre triunfos e transtornos, um acordar agoniante, agonizante... estranho!
Estranhamente acontece algo sem motivos, apenas um dia agitado ao som de uma furadeira. Corre, corre, levanta, troca de roupa, retira as impurezas de um chão.

Mais um dia para ser sereno, mas não foi esperado. Barulhos de construção. "Do seu coração?" "Não, são os vizinhos que adoram zuada". Respira. Molha a cabeça. Respira. Uma rede para tentar adormecera a agonia. Engano, a solução não chegou.

Vira pra lá, vira pra cá. Nada acalma. Tudo pelo avesso. Levanta. Arruma o corpo. Segue. Segue desejando um acalanto. Fone de ouvido para distrair. Novamente não deu certo. Chega no lugar esperado. Mais uma vez, a calmaria não estava lá.

Um cenário vazio toma conta. Um ar diferente. Sem encaixe. Algo preso. Algo angustiante.
"Cadê?" A respiração já começa a ir embora junto com o dia. "Calma, a calmaria chega já", exclamou um velho.

Coração agitado descansa ao ver a calmaria.

terça-feira, 14 de maio de 2013

[Talvez um café]

Dia pouco nublado, mas nada de pingos d'água. Apenas mãos dadas adentrando em um lugar jamais entrado antes. Risos soltos no ar. Quase um fundo de quintal, jarros espalhados em uma parede. Mesa envelhecida. Olhares para o nada com sentido de tudo. 

Moça bonita repara o moço bonito com pose de nobre. Taça, uma gelada e um livro figurando o enredo. Olhares constantes voltam a transitar o local. Parede com contorno de giz. Clorflex, florbex... Um simples baguete na chapa minado de queijo do reino. Mordidas compõem a sonora do sereno momento.

Presença clara e cheia de ar. Entre crocs, crocs, uma espécie de entrevista é posta para moça bonita. Moço cheio de interrogações para receber as respostas. Lado tímido surge no enredo. Responde com a singularidade que possui. 

Composta de um detalhe, considera-se singular no existir:

- Este lugar já tem um grande sentido - cores estampam os sentidos.

Papel estipulando um determinado valor. Nada trocaria o detalhe dessa moça. O café entra no cenário. Piso de madeira. Algumas almofadas. Uma mesa velha. Mãos dadas. Concretização.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Vermelho




Menininha. Vestido estampado. Chinelo nos pés. Olhos voltados? Para ela? Imagina, apenas pessoas estranhas em um mundo próprio [singular]. Enredos sendo desenrolados. Euforia toma conta da pequenina. Ué! Mas cadê Clarice? Aquela tal Lispector...? O silêncio pairou. Sem algum problema pairou.

Por enquanto, ela arruma o vestido e suas estampas. Diadema na cabeça consegue completar sua composição. Olhos novamente voltados. "Será tão difícil ser incomum?" Surpreende. Faz parte do seu devido contexto. Abrangente, logo reprimida. Feição inocente. Logo, atraente no exterminar.

Significado de plena e terna. Surge um talvez. Alguns se levantam e defendem. Sorrisos. Embaraçados embaralhados. Ah, uma redundância. Olhos voltados. De novo! Levanta e segue. Põe uma errata no quadro branco: Alô, povo sem olhos! A singela apenas tenta se expor. Vestido estampado agradece"! [errata concluída].

Menininha. Pequenez. Grande. Clama um moço bonito.

Cor de laranja nos pés. Fruta cor de citrus. Dedos melados de cominhos de laranja. "Corre! Pois o vestido vai se sujar"! Ela escapou a tempo. Volta com uma pequena carta nas mãos. Um selo.

"Sonha, pequena! O mundo é real." [com reticências no final]


domingo, 24 de março de 2013

Um 22 de algum mês

Cabelos longos, salto alto, um mero blush para esconder o rosto. Uma composição quase tão plural presente em uma sala de aula. Alunos longe, conversa jogada, um iPad em jogo. Eis que surge um comentário pouco sem nexo. Gargalhadas são soltas no ar. Falando em ar, o calor é um dos mais calorosos.

Menino de barba tira do bolso pequeno da calça jeans, um bombom de hortelã. O cheiro chega na comissão de frente. A moça com olhos compridos, quase babando, almeja o tão bombom. Professora no cenário apagado entra em cena com assuntos sobre jornalismo opinativo. Estudantes relevam o assunto. A conversa ganha a cena e segue prevalecendo.

Editorial? Puta merda! Falhou no meio. Pose de jornalista à paisana com um bloquinho de anotações. Pois há um conteúdo no quadro, que por sinal, não é negro.

Menina do lado esquerdo da sala (de alguns m²) deseja uma leitura imediata. Cantoria surge no fundão. Outra garota levanta-se para copiar o tal assunto irrelevante. [barulho de caneta]
Quase uma sincronização com o auê pairado no pequeno espaço. Metro quadrado contendo cadeiras, ao invés de carteiras.

Ditado de nomes. "Eu! Aqui! Presente!" [gritam]

Sexta-feira, uma noite para ser degustada com o cenário imposto no piso.

domingo, 17 de março de 2013

Um piar



Um piar no meio de uma brisa leve. Um flutuar de folhas. Um silêncio. Cabeças grisalhas testemunhando o cenário. Semblante de lucidez, esquecimento, tristeza. Sorrisos. Longos anos de vivência. Esquecidas? Um talvez surge em meio a uma lágrima.

Pés transitam, mas não param. O deitar se concretiza a ação sem definição. Porta-retratos caídos... Rosto de um tempo talvez guardado em uma memória. Por que?! Calar. Sorriso mucho sem uma rosa para resplandecer. Sem luz. Sem fome. Nada tem graça. "Rezo todos os dias, e nada", exclama uma ex-cristã.

Apenas uma luz artificial, e talvez, um lençol pouco surrado com oitenta e três anos. Abandono. Feijão para suprir a ausência. Não serve. "Pra quer mesmo?" Dias, meses, anos, séculos. Tintas já não funcionam para colorir. Giz cera. Argila. Lã. [disfarce]

Contornos longos. Braço sem dedos. "Algum problema?" Sorriu! Varanda. Piar de uma ausência. Brancos cabelos. Definição? Sem pressa, apenas ventos soltos sem face e sentir.